sábado, 14 de maio de 2016

Cronograma do Centro do Ser


A Mulher dos 40

"A mulher Madura"
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Quando chegamos aos 40 anos geralmente é assustador! Mas a Maturidade psicológica e o emergir do Arquétipo da Velha Sábia no Inconsciente feminino, permite que a mente tome consciência de que a Maturidade lhe proporcionará novas óticas e perspectivas. Os ânimos se acalmam pois não perdemos a juventude, ao contrário, ganhamos muito com a maturidade: segurança, liberdade, mais autonomia e sabemos buscar o prazer! Valores são repensados, a força instintiva é canalizada e a beleza da Loba desperta no brilho dos nossos olhos, a Mulher Loba exala dos nossos poros! Como um novo perfume de mulher madura uivamos para o Mundo! 
Nesta nova fase, enfrentamos todos os medos, tabus, e preconceitos que foram vinculados à velhice e a menopausa; já começamos a ter mudanças nos nossos Ciclos. Mas não se desesperem: a Maturidade nos permite fazer as pazes com o nosso lado saudável, e como na trajetória da Heroína, conseguiremos atravessar os portais dos nossos próprios obstáculos - véus - e despertar para esta nova fase com sabedoria
O tempo que nos sobra será para o cuidado do corpo, da mente e do espírito.
A maturidade é um momento de reformular propósitos, mudar atitudes e pensar nos projetos novos. Nos desapegamos de expectativas sociais e externas, das solicitações familiares, e nosso Ego se rompe! Novos papéis começam a ser desempenhados e abandonamos as máscaras que nos aprisionavam! Somos capazes de abandonar o medo e todas as apreensões quanto ao futuro, tais como:
- preocupação comum sobre o que os outros vão achar de mim; 
- deixar de ser boazinha;  
- abandonar os fantasmas de uma velhice solitária, sem utilidade, sem valor;
Ter medo da velhice é algo que perturba a mente, a confiança e a Auto-estima de muitas mulheres. Principalmente quando a Auto-estima está vinculada somente à beleza e ao amor. Recebemos informações deturpadas e negativas do arquétipo de Afrodite (Deusa Grega do Amor, da Beleza e da Sexualidade). Nos meios de comunicação, a mulher contemporânea é bombardeada de informações de que a Juventude deve ser eterna, e fica muito mobilizada a buscar a beleza atrelada a um único modelo estético. Nos sentimos obrigadas a nos encaixar no molde pré-estabelecido desde a nossa fase de Menina. Após a primeira menarca, a Donzela é educada a crescer e a se desenvolver para atrair e seduzir os homens, não de forma espontânea e genuína, mas criando meios artificiais:  o excesso de maquiagem, pinturas nas unhas e cabelos, roupas e acessórios atraentes.  Ela é ensinada a ser uma "bonequinha", a vestir-se bem e estar sempre bonitinha nos eventos sociais.  
Nos doutrinam a acreditar que devemos dar prazer aos homens, mas a Mulher Madura acorda, pois conhecendo o seu circuito de prazer, sabe que merece ter prazer, tanto erótico quanto por tudo que realiza na vida!  
Muitas vezes a moda também impõe cores, texturas, e formas para satisfazer a imaginação do homem. Imaginemos uma donzela rebelde, que gosta de soltar os cabelos e mostrar as unhas da Mulher Selvagem? (termo usado por Clarissa Pinkola Èstes, em Mulheres que Correm com os Lobos). Esta donzela rebelde não é bem-vista e aceita, e muitas vezes sofre preconceitos, muitas vezes é taxada de puta ou  de bruxa. O que quero apontar é que infelizmente o desabrochar da Donzela esteve por muito tempo vulnerável a esta ditadura da beleza artificial, o que na minha compreensão, se torna uma escravidão. Não quero dizer que não seja importante o auto-cuidado, a satisfação com a auto-imagem, mas que deveríamos ter mais liberdade de expressão! Como seria leve se desde a nossa infância  buscássemos a beleza interior, e que a expressão externa, nossa Auto-imagem fosse um reflexo da nossa alma? 
Talvez seríamos mais seguras com o que somos e não mais com o que temos, e a relação com o corpo se tornaria sagrada. 
 Sem esta consciência do Feminino ferido, chegamos cambaleantes aos quarenta anos, tentando driblar as rugas de expressão, os cabelos brancos, as marcas do tempo em nosso corpo, os hormônios nos modificando, o metabolismo tendo outro ritmo. Percebo que nós mulheres maduras chegamos a uma grande crise de identidade, precisamos nos libertar da "Ditadura da Beleza"; para realmente sermos plenas e felizes. 
A maturidade nos traz certezas e muitas possibilidades novas, mas também traz à tona a dor de escolhas erradas. A maturidade nos coloca frente a frente com o que não se encaixa mais, com as roupas “sujas”e inadequadas. Nesta fase temos o poder de lavar os julgamentos, todas as falsas impressões e todas as distorções sob a nossa auto-imagem. 
Ouvimos muitas lamentações da mulher madura submissa à ditadura da Beleza: a unha está quebrada, meu dente está amarelo, meu cabelo está seco e branco, minha pela tem manchas e rugas... e aí não para mais... E esta insatisfação e repúdio com o corpo atrelados a velhice, temos que superar e deixar para trás! Existe a Morte simbólica de uma roupa que não nos serve mais! Deixe o Ego sucumbir! Liberte-se!
A Maturidade é um marco e pode ser um grito de liberdade! Precisamos olhar o feminino pleno e não machucado. A mulher que deixa de ser apenas um objeto, percebe que com o seu novo brilho é adorada e admirada, assume a sua própria beleza e ganha o Amor-próprio
Encontrar os traços de beleza na mulher madura é uma das pérolas mais lindas no ciclo da vida: se orgulhar da maturidade, da sabedoria, da confiança, da amorosidade,  sexualidade sem pudores, perder a vergonha de buscar o prazer, encontrar o orgasmo pleno, retomar o brilho pessoal e genuíno. Esta é a maior pérola - sermos nós mesmas! 
É verdade que existe o fantasma de uma velhice solitária, nos moldes patriarcais e machistas, que ainda perpetuam eternamente a Afrodite na face feminina. Não nos enganemos, as faces do feminino estão além do brilho de Afrodite! Que sejamos capazes de não nos iludirmos com o medo de não sermos mais boas e belas para os homens; devemos ser livres destas amarras
Que sejamos capazes de não nos corrompermos mais com os valores patriarcais. Não somos objetos! Mas sim, podemos ser as protagonistas das nossas própria vida e escolhas! 
 Que vergonha tenho de também sentir este medo!  Mas devemos aceitar que ele existe e que foi perpetuado por muitas gerações; carregamos da nossa ancestralidade, da  sombra coletiva: o medo do abandono. 
Aceitar a maturidade é saber que seremos capazes de nos cuidarmos sozinhas, capazes de sermos fortes e independentes, e que se confiarmos em nós mesmas, teremos amor e tudo que desejarmos! Podemos ter tudo ao sermos seguras de quem somos!
Como fazer isso? Comece a aceitar a mulher dos 40! 
A mulher que não é mais manipulável, a mulher que já sabe dizer não, a mulher que não é mais vulnerável e que tem seus próprios princípios! Não minta mais para você mesma! Seja honesta com os seus desejos, e aceite que a maturidade é o começo da libertação! 
A mulher Madura é a protagonista da sua vida, assim como nos lendários contos de fadas e mitos; devemos continuar a lutar e a viver mesmo que a bruxa malvada venha atrás de nós para nos ameaçar. 
A mulher madura sabe dizer não à maçã envenenada!
"Viver as mudanças ajuda a reconhecer que somos seres com desejos. Trata-se de um grande desafio, porque as mulheres transitam pela vida a serviço das necessidades dos demais, e assim, tomam como seus os sonhos que não lhes pertencem. Têm dificuldade em saber o que querem realmente". (Marisa Sanabria)
Confio na maturidade dos 40, no Portal de Consciência que se abre, nos desejos que nos sacodem e nos movem a ações mais prazerosas e autênticas. 
Acredito que mesmo com todos os medos eles nos servirão para ganharmos força e motivação, e assim conseguirmos aceitar de fato o processo de envelhecimento, de forma saudável e leve. 
A mulher madura distante da ditadura do olhar masculino,  aprende a cuidar do seu corpo, não mais como um objeto de mercado, submetido a prostituição da imagem, (como dizia Baudelaire), mas possui a consciência de seu templo sagrado: nosso espaço, que respeitaremos com nosso amor-próprio e saberemos colocar limites que sejam verdadeiros à nossa alma instintiva. 
Podemos ser vaidosas e cuidarmos do nosso templo, mas não mais com exigências externas, que nos fazem sucumbir aos padrões patriarcais. Não devemos mais carregar em nosso ventre todos preconceitos e autojulgamentos hostis em relação à nossa autoimagem – isto é profanar o nosso Templo, que é Sagrado.
A Verdade é que devemos aprender a honrar o próprio corpo como templo sagrado, e buscarmos a felicidade e satisfação em nós mesmas, para então saber dosar e dedicar um tempo saudável para a nossa própria beleza. 
E dessa forma, conseguiremos uma abertura a quaisquer movimentos da vida e uma maior fluidez na dança com o próprio corpo.  Seremos as Deusas para nós mesmas!  
Acredito que em nossas próprias curvas e em nossos próprios ossos, podemos ver a beleza de quem somos! Acredite! Supere com alegria a ponte que a conduz da face mãe para a face anciã! O arquétipo da Anciã lhe impulsiona a atravessar para o outro lado do rio - lhe fazendo dar as mãos à Mulher Sábia!