terça-feira, 14 de julho de 2015

Deusa Hera

No Mês de Junho tivemos dois Rituais de purificação com a energia da Grande Deusa Hera! Limpamos as máscaras das sombras de nossas ancestrais e do inconsciente coletivo que nos traziam memórias de dor no casamento: traição, mentiras, desilusões, convenções sociais, obrigações, medo, frustração. Uma máscara mais saudável e feliz de um verdadeiro Casamento Sagrado se revelou! 
E as bençãos da Deusa do Casamento chegou ao coração das mulheres presentes,  revelando a Integridade da Deusa que nos trouxe o Poder Pessoal!
Muitas limpezas dos seus esteriótipos devem ser purificados... Ainda hoje muitas mulheres se sentem confusas com a idéia de um Casamento formal, parece que existe uma Sociedade permeada por uma Obrigação Social que diz que a mulher pura e boa é aquela Boa para Casar! No Entanto, ao vermos tantas possibilidades de Relacionamentos, hetero, homo, bissexuais, ajuntamentos, namoros e compromissos a distância, algo nos desperta para as máscaras do Casamento. O Casamento Formal surgiu de uma necessidade Patriarcal de garantir o seu legado econômico e suas posses aos seus herdeiros. Vemos que Casamento Sagrado não envolve posses, Status Social, conta bancária, festas magníficas... o Verdadeiro casamento sagrado é realizado dentro, com o tempero verdadeiro de Eros: o Amor!
Casamento significa união de Almas afins com um propósito de Felicidade, comunhão e parceria! Será que devemos considerar eras muito antigas, até mesmo da Grécia Antiga, para percebermos lá a existência do Verdadeiro Arquétipo de Hera!
Ela é desprovida do Esteriótipo da Esposa mandona, manipuladora e Ciumenta do Cenário Grego. Zeus teria obrigado o Casamento com Hera, ou seria um fracção mitológica para percebermos que Zeus representa os novos valores patriarcais, que desejam controlar o poder feminino, de modo sutil mas repressor. Casar para os homens tem sido sinônimo também de medo e pânico, talvez pela absurdo repetição no nosso inconsciente coletivo de depararmos com um Zeus manipulador, mulherengo, sedutor, capaz de enganar Deusas e Semi-deusas com seus feitiços e formas animais. Seria o instinto masculino movido apenas pelo arquétipo do Deus do Olimpo? Ou podemos revelar que existem outras faces sagrados do Masculino, e que respeitam a Face feminina por igual.
Não deixemos que a guerra no Olimpo se perpetue até o mundo contemporâneo, basta apenas que as mulheres não se transformem em esposas ciumentas, rivais, vingativas e manipuladoras, e que seus maridos não sejam este fragmento singelo e sombrio de um Deus que quer governar praticando o lema do Barba Azul - sugar a energia feminina, se embriagar de poder vital feminino.
ao contrário deste contexto, no Casamento Sagrado ambos se nutrem conjuntamente, se revelam com o que são na dança entre luz e sombra, e nesta igualdade humana de luz e sombra o amor se revela e se constrói.






Deusa Atena


Deusa Atena (Mitologia Grega) ou Minerva (Mitologia Romana)



Ao entrarmos em contato com um Arquétipo sentimos na pele da nossa Alma o contato profundo com um poder, um sentido inconsciente que sabemos existir mas muitas vezes está inacessível. viver o contato com as Deusas remotas, nos traz um significado profundo de sua aparição ou sua existência nas faces da Mulher contemporânea. Eis que Atena vive entre nós Mulheres Modernas! Ela vive aprisionada em um esteriótipo da Profissional bem sucedida, da mulher intelectual e com uma carreira promissora, da mulher astuta que segue seus projetos profissionais. Mas Atena é muito mais que uma carreira bem sucedida e um farto salário no fim do mês; Atena traz a Sabedoria e Justiça Ancestral, aquela que os nossos ossos sentem mas a pele rejeita, entrar nas profundezas dos Arquétipos é ver além do Ego, é ver com a visão da Alma!
Atena também é delicada e justa com tudo que faz e escolhe! Ela é gerada pela ambição do intelecto, mas é excelente nas artes manuais e criativas. o Poder da Criação está no Brilho de Uma Mulher Atena! No entanto, muitas de nós se aprisionaram em seu esteriótipo, e competem fervorosamente no trabalho, e assim se distanciam do Arquétipo que requer um olhar profundo para dentro, o contato com o potencial criativo que gera idéias e gera a inteligência em ato! Vamos fluir Mulheres no arquétipo e não no Esteriótipo!
Que usemos sua balança para buscar justiça ao nosso redor, e sermos além de honestas com o mundo, sinceras com nós mesmas! Somos nutridoras, cuidadoras e criativas! Adoecemos se usamos o tempo todo um escudo e espada, precisamos de saias, de dança criativa, de expressão do ser, de sensualidade e doçura. Atena pode ser nossa aliada na Luta mas não nos aprisionar em sua rigidez!

LUA VERMELHA  E LUA BRANCA: O CICLO MENSTRUAL

Nos Mitos e em muitas Lendas antigas as flutuações do ciclo menstrual na mulher eram percebidos como reflexos das fases e arquétipos lunares. O corpo feminino é lunar, a Lua rege os seios, ovários, útero, menstruação e Gestação; as mudanças físicas sempre são acompanhadas de processos profundos no plano mental, psíquico e emocional. 
A observação do ciclo menstrual e sua relação com as fases lunares deram origem a passagem do tempo, permitia a estruturação e o desenvolvimento da sociedade. A sincronicidade entre fluxo menstrual e ritmo lunar refletia o vínculo profundo entre a Mãe Terra e a Mulher, que guardavam os mistérios da Vida em seu próprio corpo e da Morte. Simbolizado pelo Vaso Sagrado os Mistérios do Ventre, o Enigmático Graal, fonte da vida e da Morte; ocupava um lugar central nas culturas matrifocais. Transformado posteriormente com as religiões, filosofias e valores patriarcais. 
O sangue menstrual foi considerado um fluido da vida e por isso era extremamente sagrado. Na antiguidade vários mitos retratam o sangue menstrual, na Grécia foi chamado de Ambrosia ou vinho tinto sobrenatural, na Ìndia foi chamado de Soma, e era o nome secreto da Grande Mãe. Os índios norte-americanos acreditavam que todos os seres humanos nasceram da mestruação da lua, e hoje ouvimos a menstruação como a Lua da Mulher. No Egito os faraós tornavam-se divinos ao ingerir o sangue de Ìsis. Na India quando uma menina menstrua ela é homenageada por ter florido, e seu sangue é chamado de flor, néctar Kula. Simbolicamente a flor se transforma em fruto, e o sangue uterino era a flor da lua, que preserva em si a herança das futuras gerações. Na tradição tântrica a sacerdotisa que personifica a Deusa deve estar menstruada e o sexo ritual com ela significa reter poder ao iniciado, o poder de Senhor do mundo.
Assim sendo, existia a conexão do sangue com a Lua e suas fases.
A energia da lua crescente era conectada com o fim da menstruação e posterior culminação da ovulação; uma fase cuja face era regida pela Deusa Donzela e seus atributos eram considerados dinâmicos e criativos. 
A Deusa Mãe era conectada a fase da Lua cheia, representavam o auge da ovulação; como  a própria capacidade de nutrir, de sustentar e fortalecer. A diminuição da luz lunar refletia a mudança da ovulação para a menstruação ocorrendo um aumento do poder mágico e da percepção sutil. Fase cuja correspondência arquetípica foi atribuída à Feiticeira, Bruxa ou Maga; fase destinada a criar e destruir, seduzir, encantar ou enganar. 
A Lua Negra e a Anciã regem o período menstrual, interiorizando portanto as energias físicas e a energia é voltada para a introspecção, como o foco torna-se um olhar para o "self"(si mesmo) e toda demanda de energia é direcionada ao mundo espiritual. Nesta fase, extremamento propícia ao potencial criativo, pode-se gerar novas idéias, pois as energias estão totalmente voltadas para o mental.
Nesta classificação não existem divisões fixas para todas as mulheres, no que se refere às fases citadas, contudo, é de extrema importância conhecermos nosso próprio ciclo menstrual, para podermos realmente otimizar a energia dispendida, no que se refere as atividades de maior demanda externa ou interno. Isto é, entender o nosso fluxo é respeitar o ritmo próprio de nosso ser e organismo, escolhendo e selecionando as situações propícias para atuarmos mais no mundo material, com atividades externas, e respeitarmos os momentos propícios para mergulharmos no nosso mundo interior, ao encontro do nosso centro e das nossas verdadeiras necessidades. Aproveitando contudo de forma prática o movimento do nosso ciclo e utilizando- nossa energia de forma favorável e canaliza-a de modo mais consciente. 
Na fase Donzela a mulher é considerada "dona de si", está segura e determinada, tem eficácia nos resultados do seu trabalho, sendo uma fase benéfica para iniciar novos projetos. Seu ritmo favorece ao aprendizado e experiências.
Na fase Mãe a mulher é preparada para abnegação da maternidade; tornando-se amorosa e disposta a assumir responsabilidades, cuidar dos outros, fazer projetos,concretizar idéias, atrair pessoas e compartilhar o amor. 
As energias da Feiticeira é quando o óvulo é liberado, mas não fertilizado. A mulher experimenta o auge do seu poder, da sensualidade e da magia. Suas energias são expandidas e podem se manifestar de forma ambivalente, ora criativas ou ora destrutivas. Sua intuição está ampliada, contudo o foco é reduzido. Fase que requer paciência para concretizar visões e projetos.
A fase da Anciã se expressa durante a menstruação como o aguçamento da percepção intuitiva, da necessidade de introspecção e a maior sensibilidade para sonhos e premonições. Uma fase propícia para o isolamento, diminuição do ritmo, e momento de transmutar as energias, liberar o velho, liberar toxinas; para então entrar no novo ciclo que virá. Fase também propícia para receber mensagens e orientações espirituais. A mulher está no auge de seu poder transcendental, pois torna-se receptora de conhecimentos ancestrais e  literalmente é apta a mexer o caldeirão e beber do cálice sagrado. Verificando o poder da transmutação da energia sexual em experiências extáticas e na expansão da consciência.
A mulher está sempre fluindo entre a luz e sombra, a incidência da luz no aspecto solar e lunar; existindo portanto dois tipos de ciclos menstruais: da Lua Branca (ovulação ocorre durante a lua cheia) ou da Lua vermelha(a ovulação ocorre durante a Lua Negra e a menstruação na cheia); sendo apenas distintas expressões da Energia Feminina mas ambas sagradas e regidas por um propósito de Alma. 
Como no Ciclo da Lua Branca o auge da fertilidade coincide com a plenitude de luz e da Lua cheia, este ciclo canaliza as energias geradoras e nutridoras para a procriação e criatividade. Considera-se a Mulher neste ciclo a Boa Mãe, e está de acordo com as expectativas patriarcais de nossa cultura. 
Já o Ciclo da Lua Vermelha, a auge da Fertilidade coincide com a escuridão lunar, e as energias criativas são canalizadas para o mundo interior, e a maior conexão é com o "Self", sendo assim, a energia sexual canalizada para fins mágicos, espirituais ou transcendentais. A Mulher que segue este fluxo ou este Ciclo é considerada Feiticeira, Bruxa, sendo um aspecto reprimido e ausente de confirmação positiva pela camada profunda do Patriarcado, onde se teme a Magia, considera-se perigoso. 
Podemos considerar que ambos os ciclos surgem no Ciclo Vital de uma Mulher e oscilam de acordo com a fase de Vida, necessidades Vitais e Conexões profundas. São considerados dois pólos na vida de uma Mulher, e muitos movimentos hoje do Sagrado Feminino consideram salutar esta nova Conexão e Resgate Profundo.
Na nossa história, o Cristianismo principalmente herdou e ampliou esse horror patriarcal ao sangue feminino, proibindo as mulheres de comungar ou entrar na igreja quando menstruadas, fazendo com que valores negativos fossem atribuídos e tabus construídos, e o sangue ao contrário de ser considerado um fluxo divino e poderoso da Grande Mãe, passou a ser motivo de vergonha e contaminação, considerado sujo. Com o tempo, na Estrutura da Sociedade Patriarcal, as práticas sagradas com o sangue menstrual foram substituídas por proibições, enclausuramento, e restrições, causando grandes pertubações psíquicas e disfunções fisiológicas na mulher. 
Vemos muitas mulheres aderindo hoje ao In Ciclo, coletor Menstrual, não apenas como uma possibilidade mais econômica, já que descarta o uso de absorventes internos e externos; mas de resgate do contato profundo com o fluxo menstrual, com sangue, com a temperatura corporal. A Mulher ao fazer o uso vai se dando conta que é Cíclica, que é fértil, e que o sangue também pode gerar vida! A mulher resgata o Mana, o poder no seu sangue! Inclusive no uso do sangue nas plantas, na grama, alimentando e nutrindo a terra. Existe um ponto em que se percebe que a terra é um fio condutor que conecta a Mulher Moderna com as suas verdadeiras origens! Somos frutos do Grande Útero de Gaia e a ele retornaremos! "O sangue é a ponte que nos liga às ancestrais e as futuras gerações, mantendo a continuidade da linhagem feminina" (Mirella Faur, O Legado da Deusa).
Sentir pulsar o sangue é sentir a vida, é se conectar ao Universo Interno e Externo, perceber o movimento da luz e da sombra dentro e fora de nós!
Bem-vindas as Feiticeiras, que usam o poder de seu sangue para perceber as múltiplas realidades e transcender para além do Ego: das vaidades, competições, invejas, luxúrias, apegos, medos, raiva, desespero, desânimo, depressão, ansiedade... São muitos os labirintos do Ego e o poder do sangue, do mana, é um impulso para desviar-se de suas armadilhas! Neste ato de conexão profunda,  resgatamos o Poder Feminino do verdadeiro auto-conhecimento e realizamos uma ponte invisível e simbólica entre o Conhecimento dito Científico aos Moldes Patriarcais, ao conhecimento Empírico ligado às nossas raízes intuitivas, selvagens e instintivas. 
Hoje sou uma Mulher que vive o Ciclo da Lua Vermelha, e como Sacerdotisa e Aprendiz do Sagrado Feminino, com humildade, posso relatar que chegou em minha vida o momento profundo de conexão com a Espiritualidade. Aprendi através da Gineterapia, dos trabalhos e experiências com Círculos de Mulheres a canalizar os Arquétipos e empoderar não somente a minha face do Feminino, mas de diversas mulheres que buscam este trilhar, e esta Re-Conexão!
Sobre a Lua Branca e Vermelha, acredito que sejam polaridades femininas que dançam entre si em busca de um equilíbrio.  Movimentos mutáveis e saudáveis do nosso ser, que ora se volta para o Externo, para o Mundo, para os Burburinhos da vida e necessidades Mundanos; e ora se movimenta para criar raízes profundas na Matéria, vivendo o Ciclo da Lua Branca. 
No momento que a  Mulher está mais voltada para o seu Self/ Alma, é quando suas necessidades exteriores estão razoavelmente sanadas, e ela consegue fluir então com reverência e respeito no Ciclo da Lua Vermelha!
Eu reverencio o Meu ciclo e de todas as Sacerdotisas, curadoras, e mulheres consideras Bruxas!


 O oferecimento do Sangue foi um hábito antiquíssimo e sagrado!
Um gesto de Agradecimento ás Dádivas recebidas e o retorno à mãe Terra da energia fertilizadora do Sangue Menstrual. Considerado um poderoso Fluido sagrado, rico em nutrientes e possuindo em si um Poder Mágico foi usado durante milênios para garantir a fecundidade e prosperidade. Era oferecido o sangue menstrual como um presente precioso à Grande Mãe desde tempos remotos, que infelizmente veio a culminar com a sua substituição posterior pelo sangue de animais ou humanos (já em eras dominadas pelo patriarcado). 
Nos tempos contemporâneos é importante oferecermos o Sangue de modo consciente, com respeito e reverência; se possível em meio da Natureza em uma Comunhão verdadeira com a Mãe Terra. O mais importante é a consciência da Sacralidade deste Ato!!!
Nas Rodas do Sagrado Feminino e no Movimento de Conscientização do Uso do Sangue Menstrual, é relevante que todas as mulheres compreendam o valor antigo desta prática e de que este movimento nos aproxime e desperte para uma memória genética de cerimônias ancestrais. 
No contato com o Cálice Sagrado e sangue menstrual renovaremos os nossos laços profundos com a Mãe Natureza e faremos as pazes com a Mãe Terra!